INTRODUÇÃO
A
realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmica e nem sempre
as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a globalização
e a informatização da sociedade, os movimentos sociais em muitos
países, inclusive no Brasil e em outros países da América Latina,
tenderam a se diversificar e se complexificar. Por isso, muitas das
explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda
metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a
emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos.
SCHERER-WARREN, Ilse. DAS MOBILIZAÇÕES ÀS REDES DE MOVIMENTOS
SOCIAIS. In Sociedade e Estado, Brasília. v.21, n.1, p. 109-130,
jan/abr. 2006.ver pág.
Partindo
das inquietações despertadas pelos movimentos globais de ocupação em
2011, este estudo pretende
desenvolver apontamentos inciais acerca das representações
contemporâneas de novas lutas, buscando, através das relações
entre indivíduo, sociedade e mídia, algumas reflexões possíveis
no campo dos estudos de mídia. Tendo
como foco o contexto recente de manifestações nas ruas e nas redes
sociais brasileiras, 2013: o ano em que o Rio de Janeiro se
configurou como cenário de uma potente rede de midiativistas,
comunicadores capazes de, juntos, pautarem uma nova leitura dos fatos
sociais e biopolíticos, apresentando narrativas independentes e
questionadoras no campo da mídia.
Em
um movimento onde cada um é responsável por suas ações, de forma
individual, constroem um movimento coletivo e colaborativo em rede,
que se entende como plural, horizontal e orgânico, muitas questões
acerca da representação dos discursos são possíveis para
justificar a escolha do objeto proposto nesta pesquisa. Inicialmente,
este estudo busca uma compreensão acerca concepção de manifestação
da arte pelo corpo, contextualizando a mudança nos paradigmas da
arte, explicitando os múltiplos tipos de ações possíveis na
denominada arte da performance.{conceito de Glusberg}. A
partir desta compreensão, busca-se explorar a diversidade
identitária dos sujeitos nas demandas por direitos e representações,
as formas de ativismo e de empoderamento através de articulações
em rede sob o viés de Midiativismo, e, finalmente, a participação política em rede
através das reflexões sobre o objeto central desta análise, o
performer-videomaker-ativista, Rafucko.{Aprofundar. Buscar intercalar com
alguma reflexão sobre representação.}
Como
recorte, será feito um estudo de caso aprofundado na construção do
seu personagem “Rafucko”, nome de extrema relevância no campo
atual das novas disputas de poder simbólico/disputas narrativas no
campo da mídia. A partir do recorte do objeto em análise, serão
aplicados conceitos que darão o embasamento bibliográfico à toda
pesquisa.
“Rafucko”
é um objeto híbrido, personagem complexo criado pelo ativista e
videomaker Rafael Puetter, onde, através do seu canal no youtube,
divulga suas principais criações, que são reproduzidas por seus
canais midiáticos. “Rafucko” mantém a militância ativa nas
principais redes sociais e também através do site
http://rafucko.com/.
Para
muito além do ficcional, os vídeos revelam um modo engajado de
fazer uma leitura original dos principais meios de comunicação e dos fatos políticos,
usando dos artifícios do humor, blasfêmea e do deboche, elaborando
novos discursos para compreender nosso período histórico com
reflexividade para ocupar com seus vídeos um lugar político definido, assumidamente defensor de suas posições, com senso-crítico muito “refinado” e complexo, para abordar questões de
luta em diversos campos como sexualidade, direitos humanos, lutas das
minorias, fundamentalismo religioso, apoio a causas dos movimentos
sociais, etc.
A
construção do discurso midiativista do “Rafucko” constitui e
congrega diversas frentes de lutas que este estudo se propõe a
analisar.
Assim,
o trabalho será dividido da seguinte forma: inicialmente será
investigado o conceito de performance, desde sua concepção
vanguardista, onde o artista se transforma na sua própria obra
{conceito fundamental de perfomance} e sua gama de
possibilidades. Até sua a apropriação pelos meios de comunicação,
mais especificamente das tecnologias, e também o uso pelas redes
sociais. {procurar alguma citação relevante e explorar mais os
autores}. Em seguida, será contextualizado a performance e o ato
performantivo dentro do campo de midiativismo,
o qual também terá o conceito aprofundado, e serão traçadas as
estratégias de sua construção nas sociedades em rede {pra
usar uma termologia de Manuel Castells. Que será aprofundadado no
cap 2.}. O ponto de partida para a análise do conceito de
midiativismo será dado na construção em rede através dos
principais movimentos globais que despertaram em 2011 a tomada global
chamada de movimento “OCUPPY”. Com o campo de engajamento
midiativista e de performance definidos, revela-se, na cena
brasileira, a construção das formas de representação de
resistência através do personagem “Rafucko”, que será tomado
como objeto de estudo de caso desta pequisa. Serão aprofundadas
algumas questões apontadas a princípio, as relações da construção
do personagem com as questões desta tese. São elas: Como Rafucko
consegue construir uma legitimidade e autoridade nas novas mídias,
que são transitórias e efêmeras? Com quem essas questões estão
dialogando? Quem é o interlocutor? Quando se faz representar e
legitimar seu discurso na mídia? Em que momento ele aciona o
personagem Rafucko e em que momento aciona o Rafael? O que mudou na
produção de conteúdo com o contexto das manifestações
brasileiras? Como percebe seu lugar político? Por fim, através do mapeamento deste personagem serão
aplicados os conceitos teóricos para embasar as questões que serão
levantadas ao longo da pequisa.
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