quinta-feira, 17 de abril de 2014

INTRODUÇÃO

A realidade dos movimentos sociais é bastante dinâmica e nem sempre as teorizações têm acompanhado esse dinamismo. Com a globalização e a informatização da sociedade, os movimentos sociais em muitos países, inclusive no Brasil e em outros países da América Latina, tenderam a se diversificar e se complexificar. Por isso, muitas das explicações paradigmáticas ou hegemônicas nos estudos da segunda metade do século XX necessitam de revisões ou atualizações ante a emergência de novos sujeitos sociais ou cenários políticos. SCHERER-WARREN, Ilse. DAS MOBILIZAÇÕES ÀS REDES DE MOVIMENTOS SOCIAIS. In Sociedade e Estado, Brasília. v.21, n.1, p. 109-130, jan/abr. 2006.ver pág.

Partindo das inquietações despertadas pelos movimentos globais de ocupação em 2011, este estudo pretende desenvolver apontamentos inciais acerca das representações contemporâneas de novas lutas, buscando, através das relações entre indivíduo, sociedade e mídia, algumas reflexões possíveis no campo dos estudos de mídia. Tendo como foco o contexto recente de manifestações nas ruas e nas redes sociais brasileiras, 2013: o ano em que o Rio de Janeiro se configurou como cenário de uma potente rede de midiativistas, comunicadores capazes de, juntos, pautarem uma nova leitura dos fatos sociais e biopolíticos, apresentando narrativas independentes e questionadoras no campo da mídia.
Em um movimento onde cada um é responsável por suas ações, de forma individual, constroem um movimento coletivo e colaborativo em rede, que se entende como plural, horizontal e orgânico, muitas questões acerca da representação dos discursos são possíveis para justificar a escolha do objeto proposto nesta pesquisa. Inicialmente, este estudo busca uma compreensão acerca concepção de manifestação da arte pelo corpo, contextualizando a mudança nos paradigmas da arte, explicitando os múltiplos tipos de ações possíveis na denominada arte da performance.{conceito de Glusberg}. A partir desta compreensão, busca-se explorar a diversidade identitária dos sujeitos nas demandas por direitos e representações, as formas de ativismo e de empoderamento através de articulações em rede sob o viés de Midiativismo, e, finalmente, a participação política em rede através das reflexões sobre o objeto central desta análise, o performer-videomaker-ativista, Rafucko.{Aprofundar. Buscar intercalar com alguma reflexão sobre representação.}
Como recorte, será feito um estudo de caso aprofundado na construção do seu personagem “Rafucko”, nome de extrema relevância no campo atual das novas disputas de poder simbólico/disputas narrativas no campo da mídia. A partir do recorte do objeto em análise, serão aplicados conceitos que darão o embasamento bibliográfico à toda pesquisa.
Rafucko” é um objeto híbrido, personagem complexo criado pelo ativista e videomaker Rafael Puetter, onde, através do seu canal no youtube, divulga suas principais criações, que são reproduzidas por seus canais midiáticos. “Rafucko” mantém a militância ativa nas principais redes sociais e também através do site http://rafucko.com/.
Para muito além do ficcional, os vídeos revelam um modo engajado de fazer uma leitura original dos principais meios de comunicação e dos fatos políticos, usando dos artifícios do humor, blasfêmea e do deboche, elaborando novos discursos para compreender nosso período histórico com reflexividade para ocupar com seus vídeos um lugar político definido, assumidamente defensor de suas posições, com senso-crítico muito “refinado” e complexo, para abordar questões de luta em diversos campos como sexualidade, direitos humanos, lutas das minorias, fundamentalismo religioso, apoio a causas dos movimentos sociais, etc.
A construção do discurso midiativista do “Rafucko” constitui e congrega diversas frentes de lutas que este estudo se propõe a analisar.
Assim, o trabalho será dividido da seguinte forma: inicialmente será investigado o conceito de performance, desde sua concepção vanguardista, onde o artista se transforma na sua própria obra {conceito fundamental de perfomance} e sua gama de possibilidades. Até sua a apropriação pelos meios de comunicação, mais especificamente das tecnologias, e também o uso pelas redes sociais. {procurar alguma citação relevante e explorar mais os autores}. Em seguida, será contextualizado a performance e o ato performantivo dentro do campo de midiativismo, o qual também terá o conceito aprofundado, e serão traçadas as estratégias de sua construção nas sociedades em rede {pra usar uma termologia de Manuel Castells. Que será aprofundadado no cap 2.}. O ponto de partida para a análise do conceito de midiativismo será dado na construção em rede através dos principais movimentos globais que despertaram em 2011 a tomada global chamada de movimento “OCUPPY”. Com o campo de engajamento midiativista e de performance definidos, revela-se, na cena brasileira, a construção das formas de representação de resistência através do personagem “Rafucko”, que será tomado como objeto de estudo de caso desta pequisa. Serão aprofundadas algumas questões apontadas a princípio, as relações da construção do personagem com as questões desta tese. São elas: Como Rafucko consegue construir uma legitimidade e autoridade nas novas mídias, que são transitórias e efêmeras? Com quem essas questões estão dialogando? Quem é o interlocutor? Quando se faz representar e legitimar seu discurso na mídia? Em que momento ele aciona o personagem Rafucko e em que momento aciona o Rafael? O que mudou na produção de conteúdo com o contexto das manifestações brasileiras? Como percebe seu lugar político? Por fim, através do mapeamento deste personagem serão aplicados os conceitos teóricos para embasar as questões que serão levantadas ao longo da pequisa.

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